sexta-feira, 17 de setembro de 2010

MARCAÇÕES RACIAIS NO BRASIL


MARCAÇÕES RACIAIS NO BRASIL

A história da sociedade brasileira é marcada pelo racismo, desde a chegada dos portugueses em nosso país. A partir dos postulados de uma ciência propagada durante a “descoberta”, onde a raça “superior” (os brancos colonizadores) teria que ampliar seus domínios comerciais capitalistas, diante o detrimento de uma raça “inferior” (os negros trazidos da África, e os índios aqui já existentes), dizimando não só seres humanos, mas toda uma cultura.

Então o Ocidente branco coloca em evidência uma das maiores atrocidades humanas, em nome do capitalismo, “de Deus”, “do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, assassinaram mais uma quantidade absurda de cerca de 20 milhões de seres humanos.

Na área de contato com o branco, onde o negro não parece despojado dos valores de seu mundo social próprio, suas identificações morais ou culturais não possuem nenhuma eficácia, e não contam para nada na determinação do ciclo de ajustamento inter-racial. Nessa área, o negro vive nos limites de sua segunda natureza humana, e tem de aceitar e submeter-se às regras do jogo, elaboradas para os brancos e com vistas à felicidade dos brancos”. (FERNANDES, 2007, p. 31).

O “indivíduo de cor” muitas vezes na busca pela ascensão social, é obrigado a se submeter ao processo de auto-anulação. Podemos pensar que dentro de uma realidade social no nosso país, nem sempre posta, explícita, exposta, um negro diante de uma pluralidade de brancos é uma ideia carregada de significados. Logo escutamos a indagação, que negro é esse? Pois não está contido nele (negro) o mundo dos brancos, e conseqüentemente está desgarrado de seu grupo (dos negros).

Podemos inferir que este negro está integrado no mundo dos brancos, mas não completamente, porque este “sujeito de cor” ascendeu a um lugar que, em princípio não é o seu. Para a psicanalista Souza, essa expressão “ideal do ego branco”, significa que o negro está imerso numa ideologia onde reina a “branquitude”. Segundo a autora, “a primeira regra básica que o negro se impõe é a negação, o expurgo de qualquer ‘mancha negra’”. (SOUZA, 1983, p.34).

Segundo o Sociólogo Fernandes (2007) o que há de mais evidente nas atitudes dos brasileiros diante do “preconceito de cor” é a tendência a considerá-lo algo ultrajante (para quem sofre) e degradante (para quem pratique). Os brasileiros diante dos valores morais construídos a partir de todo o processo escravista (a disseminação da ideia de superioridade com base na ciência), e da dominação senhorial, compelem para todo o desenvolvimento da ideia discutida pelo autor, onde o brasileiro teria “o preconceito de ter preconceito”, que seria fruto da ideologia do embranquecimento, ou seja, da auto-anulação do “indivíduo de cor”.

Ainda segundo o Sociólogo Fernandes (2007), existe no Brasil o mito da democracia racial, que surge com o legado da escravidão, um falseamento da realidade que implicou no desenraizamento dessa população, que carrega consigo, pesadas marcas históricas.

Esta ideia estaria discordante do pensamento proposto pelo Freyre (1933), antropólogo pernambucano, que indaga a não existência de conflito racial no Brasil, uma vez que “não havia problema racial no Brasil”, e sim uma harmoniosa convivência racial, diante das diferenças marcadas no país.

Diante da problemática colocada, a partir da discussão no negro no Brasil, faz se necessário uma análise profunda sobre a educação básica no país, e suas concepções teóricas essenciais.



Michael Medeiros Marques
Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Regional do Cariri
Professor de Sociologia
Integrante do Coletivo Camaradas
michaelmarques.cs@hotmail.com

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