quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Desigualdade Social


Na medida em que avanços as ruas da cidades brasileiras nos deparamos com cenas nas quais estão retratadas na charge. Onde essas imagens tem um alcance de entendimento (hoje) chamado de "naturalização". É "natural" vermos em nossa sociedade pessoas nas ruas, tanto pedintes, como moradores de fato. Por que ocorrem essas situações em nossos dias?


Os Ninguéns
Eduardo Galeano


As pulgas sonham com comprar um cão, e os ninguéns como deixar a pobreza, que em algum dia mágico a sorte chova de repente, que chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chove ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.


Os ninguéns: os filhos de ninguém, os donos de nada.


Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:


Que não são, embora sejam


Que não falam idiomas, falam dialetos.


Que não praticam religiões, praticam supertições.


Que não fazem arte, fazem artesanato.


Que não são seres humanos, são recursos humanos.


Que não têm cultura, têm folclore.


Que não têm cara, têm braços.


Que não têm nome, têm número.


Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.

Nenhum comentário:

Postar um comentário