sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Mito e Realidade

Mito e Realidade

O mito a princípio busca explicar a existência, a vida em si, busca as explicações da origem do homem dos primórdios do mundo, por meio de entes sobrenaturais e até mesmo seres com poderes de mutação (antropomórficos). As narrativas mitológicas, e como a entendemos hoje correm o risco de beirar ao ridículo, mas, contudo devemos lembrar e estudá-las como conhecimento produzido através dos tempos até o dito mundo civilizado contemporâneo. E, contudo vemos a influência do sagrado na construção do pensamento humano, no processo histórico no qual as sociedades arcaicas (ditas primitivas) tentam explicar a realidade que estão postas por meios dos mitos. A maneira que é manifestada os mitos, e a forma como são contadas nos passa uma idéia do sagrado, como aquela ou outra civilização é influenciada desde os primórdios. A diferenciação clara é que os fatos ocorridos conosco seguem uma linha histórica na qual não podemos reconstruir diferente das sociedades “primitivas”, que também têm uma linha histórica, mas, no entanto “conseguem”, na forma de seus ritos repetirem o que seus ancestrais o fizeram, através do mito manifestado pelos poderes do rito, constituindo assim uma historia sagrada. Remetendo-nos a hoje vemos o que podemos chamar de uma evolução do mito, que está presente e não sei se de maneira mais forte ou não em nossa sociedade, vejamos os filmes de heróis que temos seres poderosos vindo de outros planetas exemplos: super-homem, surfista prateado, entre outros. Há de ser colocado também que todos esses seres “heróis” contemporâneos têm suas historias, desde suas origens, a forma de como adquiriram esses tais poderes como também têm as historias míticas de povos “primitivos”, sendo que estou colocando só um dos meios que se propagam esses mitos em nossa sociedade. O inconsciente humano vem à tona na forma de como as historias nos são passadas, explicitamente a linguagem mitológica usada hoje é de uma elaboração fantástica, atingindo-nos ideologicamente, e na mais profunda percepção sensorial, ou seja, nossa capacidade seletiva de captar informações do mundo externo, daquilo que não conhecemos, mas também daquilo que queremos ser.

Michael Medeiros Marques

Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Regional do Cariri

Professor de Sociologia

Integrante do Coletivo Camaradas

michaelmarques.cs@hotmail.com

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

MARCAÇÕES RACIAIS NO BRASIL


MARCAÇÕES RACIAIS NO BRASIL

A história da sociedade brasileira é marcada pelo racismo, desde a chegada dos portugueses em nosso país. A partir dos postulados de uma ciência propagada durante a “descoberta”, onde a raça “superior” (os brancos colonizadores) teria que ampliar seus domínios comerciais capitalistas, diante o detrimento de uma raça “inferior” (os negros trazidos da África, e os índios aqui já existentes), dizimando não só seres humanos, mas toda uma cultura.

Então o Ocidente branco coloca em evidência uma das maiores atrocidades humanas, em nome do capitalismo, “de Deus”, “do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, assassinaram mais uma quantidade absurda de cerca de 20 milhões de seres humanos.

Na área de contato com o branco, onde o negro não parece despojado dos valores de seu mundo social próprio, suas identificações morais ou culturais não possuem nenhuma eficácia, e não contam para nada na determinação do ciclo de ajustamento inter-racial. Nessa área, o negro vive nos limites de sua segunda natureza humana, e tem de aceitar e submeter-se às regras do jogo, elaboradas para os brancos e com vistas à felicidade dos brancos”. (FERNANDES, 2007, p. 31).

O “indivíduo de cor” muitas vezes na busca pela ascensão social, é obrigado a se submeter ao processo de auto-anulação. Podemos pensar que dentro de uma realidade social no nosso país, nem sempre posta, explícita, exposta, um negro diante de uma pluralidade de brancos é uma ideia carregada de significados. Logo escutamos a indagação, que negro é esse? Pois não está contido nele (negro) o mundo dos brancos, e conseqüentemente está desgarrado de seu grupo (dos negros).

Podemos inferir que este negro está integrado no mundo dos brancos, mas não completamente, porque este “sujeito de cor” ascendeu a um lugar que, em princípio não é o seu. Para a psicanalista Souza, essa expressão “ideal do ego branco”, significa que o negro está imerso numa ideologia onde reina a “branquitude”. Segundo a autora, “a primeira regra básica que o negro se impõe é a negação, o expurgo de qualquer ‘mancha negra’”. (SOUZA, 1983, p.34).

Segundo o Sociólogo Fernandes (2007) o que há de mais evidente nas atitudes dos brasileiros diante do “preconceito de cor” é a tendência a considerá-lo algo ultrajante (para quem sofre) e degradante (para quem pratique). Os brasileiros diante dos valores morais construídos a partir de todo o processo escravista (a disseminação da ideia de superioridade com base na ciência), e da dominação senhorial, compelem para todo o desenvolvimento da ideia discutida pelo autor, onde o brasileiro teria “o preconceito de ter preconceito”, que seria fruto da ideologia do embranquecimento, ou seja, da auto-anulação do “indivíduo de cor”.

Ainda segundo o Sociólogo Fernandes (2007), existe no Brasil o mito da democracia racial, que surge com o legado da escravidão, um falseamento da realidade que implicou no desenraizamento dessa população, que carrega consigo, pesadas marcas históricas.

Esta ideia estaria discordante do pensamento proposto pelo Freyre (1933), antropólogo pernambucano, que indaga a não existência de conflito racial no Brasil, uma vez que “não havia problema racial no Brasil”, e sim uma harmoniosa convivência racial, diante das diferenças marcadas no país.

Diante da problemática colocada, a partir da discussão no negro no Brasil, faz se necessário uma análise profunda sobre a educação básica no país, e suas concepções teóricas essenciais.



Michael Medeiros Marques
Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Regional do Cariri
Professor de Sociologia
Integrante do Coletivo Camaradas
michaelmarques.cs@hotmail.com

IDENTIDADE SOCIAL?



A Identidade é relacional, marcada pela diferença. A diferença é sustentada pela exclusão. A construção da identidade é tanto social quanto simbólica. Uma das formas da identidade estabelecer suas reivindicações é por meio do apelo a antecedentes históricos. Na sociedade atual, o indivíduo é fragmentado, tendo ou "fazendo" parte de várias identidades. Em um mundo tão complexo, onde informações de massa são jogadas todos os dias em cima das pessoas, onde migrações físicas, psicológicas e comportamentais acontecem a cada segundo. Com a globalização mais acelerada do que nunca, é, e não poderia ser diferente, o indivíduo não ter apenas uma identidade e sim se familiarizar, se identificar com várias. A identidade não é estável e unificada, ela é mutável e às vezes até mesmo provisória. Esta perda de um "sentido de si" estável é chamada, algumas vezes, de deslocamento ou descentração do sujeito. Esse duplo deslocamento-descentração dos indivíduos tanto de seu lugar no mundo social e cultural quanto de si mesmos constitui uma "crise de identidade" para o indivíduo. Na modernidade, a explicação plausível para essa "diversificação" de identidades pode ser encontrada no fato denominado globalização. A globalização é a diminuição do espaço pelo tempo, com ela as informações, as culturas, os modos de vida, e diversas idéias de diferentes grupos são transitados por vários lugares, não importando o espaço e a distância, através dos meios de comunicação. Os meios de comunicação, com o avanço da tecnologia, estão cada vez mais aprimorados, facilitando a vida de "algumas" pessoas. Como a televisão, jornais, rádios e é claro a internet. Vale à pena lembrar que eles facilitam a vida de "algumas pessoas" pelo fato de nem todos terem o contato e recursos para obtê-los. A cultura molda a identidade ao dar sentido à experiência e ao tornar possível optar, entre as várias identidades possíveis, por um modo específico de subjetividade. A globalização envolve uma interação entre fatores econômicos e culturais, causando mudanças nos padrões de produção e consumo, as quais, por sua vez, produzem identidades novas e globalizadas. A migração produz identidades plurais, mas também identidades contestadas, em um processo que é caracterizado por grandes desigualdades. Essa dispersão de pessoas ao redor do globo produz identidades que são moldadas e localizadas em diferentes lugares e por diferentes lugares. A globalização forneceu e fornece o "choque" de diferenças culturas, pois com toda essa "movimentação" de informações e culturas diferentes, muitas pessoas acabam se identificando com modos e opiniões diferentes daquelas que seu lugar de "origem" possui. Com isso, acabam adotando identidades diferentes, fazendo parte de diversos grupos, e até mesmo acabam adquirindo opiniões e posturas nunca imaginadas. Com todo esse "choque" de diferentes identidades, o próprio sujeito acaba se perguntando: Quem eu sou? Ou seja, acaba tendo uma grande dificuldade de se encontrar culturalmente. Isso é contraditório, pois no mundo de hoje, com avanços científicos e tecnológicos cada vez mais notáveis, o próprio ser não sabe mais a que grupo pertence. Não sabe e não encontra mais o seu "eu".
Michael Medeiros Marques
Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Regional do Cariri, Bacharelando em Ciências Sociais
Professor de Sociologia
Integrante do Coletivo Camaradas
michaelmarques.cs@hotmail.com